quarta-feira, 29 de novembro de 2023

PRESENTE PROGRESSIVO

O presente progressivo é uma estrutura que existe tanto em PT quando em ES e com um uso idêntico.

A sua forma em português de Portugal é com estar a + INF, enquanto em português do Brasil é estar + GER.

    • PT_PT. Estamos a ver um filme na televisão
    • PT_BR. Estamos curtindo un filme na televisão.
    • ES. Estamos viendo una película en la televisión.
Mais informação acerca do uso do presente progressivo ou contínuo, aqui:


CONSTRUÇÕES IMPERSOAIS COM 'SE'

 As construções impessoais com se têm as seguintes caraterísticas:

  1. Fazem parte da voz média
  2. Têm concordância de número sempre com o objeto se o houver (em espanhol não há sempre concordância):
    • PT. Vende-se fruta a bom preço.
    • ES. Se vende fruta a buen precio.
    • PT. Vendem-se laranjas a bom preço.
    • ES. Se venden naranjas a buen precio.

Como se vê nos exemplos anteriores, o português (como o espanhol) tem concordância com o objeto. Porém, o espanhol evita a concordância com a preposição, mas o português não:

    • PT. Contrataram-se dez novos operários.
    • ES. Se contrató a diez nuevos operarios.

Aliás, o espanhol aceita nestes casos um clítico, o qual não é possível em português:

    • PT. Os direitos cederam-se aos herdeiros.
    • ES. Los derechos se los cedieron a los herederos.
Aliás, o PT prefere na maioria dos casos uma voz passiva quando existir essa hipótese:
    • PT. Os apartamentos foram vendidos em dois meses.
    • ES. Se vendieron los apartamentos en dos meses.

terça-feira, 28 de novembro de 2023

PRETÉRITO IRREGULAR

 A formação do pretérito perfeito é irregular em determinados verbos.

  • caber > coube
  • dizer > disse
  • estar > estive, estiveste, esteve...
  • fazer > fiz, fizeste, fez...
  • haver > houve
  • ir > fui, foste, foi...
  • poder > pude, pudeste, pôde...
  • querer > quis 
  • saber > soube 
  • ser > fui, foste, foi...
  • ter > tive, tiveste, teve...
  • trazer > trouxe
  • ver > vi, viste, viu...
  • vir > vim, vieste, veio...
Há também dois casos irregulares  no pretérito imperfeito:
  • ser > era
  • ter > tinha
  • vir > vinha

PRESENTE DE CONJUNTIVO IRREGULAR

Eis as formas do presente de conjuntivo completamente irregulares em português (damos apenas a primeira pessoa):

  • caber > caiba
  • dar >
  • dizer > diga
  • estar > esteja
  • fazer > faça
  • haver > haja
  • ir >
  • medir > meça
  • ouvir > ouça | oiça
  • pedir > peça
  • perder > perca
  • poder > possa
  • pôr > ponha
  • querer > queira
  • saber > saiba
  • ser > seja
  • ter > tenha
  • trazer > traga
  • valer > valha
  • ver > veja
  • vir > venha
Os verbos terminados em –ir sofrem uma matafonia e > i, o > u, que também afeta à 1PS do presente de indicativo (vgr. dormir > durmo > durma; sentir > sinto > sinta).
  • cobrir > cubra
  • dormir > durma
  • mentir > minta
  • preferir > prefira
  • repetir > repita
  • seguir > siga
  • sentir > sinta

TEMPOS COMPOSTOS

 O português carece de todos os tempos compostos que possue o espanhol. Observe-se o seguinte quadro de equivalências:


    • PT. Ontem comprei a revista
    • ES Ayer compré la revista
    • PT Ainda não comprei a revista
    • ES Aún no he comprado la revista
O pretérito mais-que-perfeito tem uma forma sintética que só se usa na língua muito formal o literária. Veja-se aqui.

Noutros casos, o uso de ter coincide com o castelhano para o uso auxiliar de haber.

    • PT . Não deverias ter comprado essas calças, ficam-te curtas.
    • ES. No deberías haberte comprado esos pantalones, te quedan cortas.
    • PT.  Eles já terão declarado.
    • ES. Ellos ya habrán declarado.
    • PT. Se eles tivessem tido dinheiro, teriam feito as obras
    • ES. Si hubiesen|hubieran tenido dinero, habrían hecho las obras

domingo, 22 de outubro de 2023

USO DO INFINITIVO CONJUGADO

O infinitivo conjugado é uma característica própria do português em que o infinitivo toma desinências de pessoa na 2ª pessoa do singular e em todas as do plural, mas na 2ª do plural já não é comum no português atual.

  • falar, falares, falar, falarmos, falardes, falarem
  • comer, comeres, comer, comermos, comerdes, comerem
  • partir, partires, partir, partirmos, partirdes, partirem.

É muito frequente o seu uso em construções impessoais com o verbo ser e um adjetivo, que sim permitem a presença do infinitivo conjugado.

    • PT. Foi bom chegarmos cedo, porque logo choveu muito.
    • ES. Fue bueno llegar | que llegamos pronto, porque enseguida llovió
    • PT. É melhor não o provocares.
    • ES. Es mejor que no lo provoques

Também com construções impessoais copulativas, mas precedidas de preposição:

    • PT. Já são horas de os miúdos irem para a cama.
    • ES. Ya es hora de que los niños se vayan a la cama
    • PT. Não era coisa de mudarem de ideia no derradeiro momento 
    • ES. No era cuestión de que cambiasen de idea en el último momento.
    • PT. Há muito tempo para lavarmos os pratos 
    • ES. Hay mucho tiempo para lavar | que lavemos los platos.

O maior uso do infinitivo conjugado acontece quando vem precedido de preposição, em cláusulas anexas:

    • PT. Apesar de seres tão inteligente, não entendo o teu comportamento.
    • ES. Apesar de que eres tan inteligente, no entiendo tu comportamiento.
    • PT. Antes de adormecermos, deverias comprovar que está tudo bem fechado.
    • ES. Antes de dormirnos, deberías comprobar que está todo bien cerrado.
    • PT. Comprámos a computadora para os miúdos fazerem os deveres da escola.
    • ES. Hemos comprado el ordenador a los niños para que hagan los deberes del colegio.

Com um verbo auxiliar não tem independência sintática, é como uma prolongação do infinitivo, portanto, formam uma unidade:

    • PT. Deves colocar as embalagens no contentor correspondente, mas não *deves colocares 
    • ES. Debes poner los envases en el contenedor correspondiente
    • PT. Temos que falar, e não *temos que falarmos
    • ES. Tenemos que hablar

Portanto, nas perífrases o sujeito é o mesmo nos dois verbos. O que não se pode fazer é usar o infinitivo conjugado quando o suxeito é o mesmo do verbo expressado anteriormente na forma conjugada.

    • PT. *Temos muito tempo para lavarmos os pratos (o sujeito de ambos os verbos é nós)

Mas se o sujeito for diferente, então não há problema, ou se for uma forma impessoal:

    • PT. Deixaram-nos muito espaço para nós estacionarmos o nosso carro. 
    • ES. Nos dejaron mucho espacio para que aparquemos nuestro coche.
    • PT. Convém seguirmos as normas literalmente. 
    • ES. Conviene que sigamos las normas literalmente.

USO DO FUTURO DE CONJUNTIVO

O futuro de conjuntivo continua a ser empregado con total normalidade en português. À diferença do pretérito imperfeito do conjuntivo, o futuro do conjuntivo indica futuro. Esta distinção parece evidente, mas uma parte do problema jaz precisamente aí.

Além disso, o futuro do conjuntivo, quanto às suas formas, é facilmente confundível com o infinitivo conjugado, pois nos verbos regulares é igual (lembre-se que a quinta forma já não é comum no português atual e é substituída pela sexta):
  • falar, falares, falar, falarmos, falardes, falarem
  • comer, comeres, comer, comermos, comerdes, comerem
  • partir, partires, partir, partirmos, partirdes, partirem
Porém, eis alguns casos de formas diferentes, onde só o segundo é o futuro de conjuntivo:
  • ter, teres, ter, termos, terdes, terem >< tiver, tiveres, tiver, tivermos, tiverdes, tiverem
  • vir, vires, vir, virmos, virdes, virem >< vier, vieres, vier, viermos, vierdes, vierem
  • ver, veres, ver, vermos, verdes, verem >< vir, vires, vir, virmos, virdes, virem
  • ser, seres, ser, sermos, serdes, serem >< for, fores, for, formos, fordes, forem
  • saber, saberes, saber, sabermos, saberdes, saberem >< souber, souberes, souber, soubermos, souberdes, souberem.
  • querer, quereres, querer, querermos, quererdes, quererem >< quiser, quiseres, quiser, quisermos, quiserdes, quiserem.
  • fazer, fazeres, fazer, fazermos,fazerdes, fazerem >< fizer, fizeres, fizer, fizermos, fizerdes, fizerem 

Podemos sintetizar o uso do futuro do conjuntivo nestes casos:

1. Em cláusulas condicionais do tipo I ou II:
  • Se tiver tempo, iría dar um passeio.
  • Si tuviera|tuviese tiempo, iría a dar una vuelta
  • Se quiseres pão, vai comprá-lo
  • Si quieres pan, ve a comprarlo.
Neste caso usa-se apenas com o nexo se.

2. Em cláusulas de relativo com valor de hipótese
  • Quem tiver multas pendentes de pagamento será notificado pelo autarquia.
  • A quien tenga multas pendientes de pago, se lo notificará la alcaldía.
  • Quando terminares as tarefas, podes ir embora.
  • Cuando termines tus tareas, ya te puedes ir.

3. Em cláusulas temporais e modais que têm un certo valor condicional. De facto são uma variante das anteriores.
  • Podes vir quando quiseres 
  • Puedes venir cuando quieras
  • À medida que preencherem o questionário, podem abandonar a sala.
  • A medida que rellenen el cuestionario, pueden abandonar la sala
  • Assim que me paguem o ordenado, já te pago a dívida.
  • En cuanto me paguen el sueldo, te pago la deuda.
  • Faz como te disserem.
  • Haz como te digan.
  • Atue conforme lhe indicarmos.
  • Actúe según se le indica.
  • Depois que terminares de te vestir, vamos fora.
  • Después de que acabes de vestirte, vamos para fuera.
  • Enquanto não parar de chover, não poderemos sair.
  • Mientras no pare de llover, no podremos salir.
  • Sempre|desde que tiveres dúvidas, pergunta-me.
  • Siempre que tengas dudas, pregúntame.

CLÍTICOS DÓTICOS

Há alguns clíticos sem valor sintático, apenas pragmático, isto é, adicionam informação à frase. Chamam-se dóticos e existem dois tipos principais.

O primeiro é o dativo intensivo. Em espanhol existe, mas não em português.

Observem-se estes exemplos, onde o ES mostra um clítico que em PT não se utiliza:

    • PT. Ontem comprei uns sapatos
    • ES. Ayer me compré unos zapatos

    • PT. Ja leu todo o livro
    • ES. Ya se leyó todo el libro.
    • PT. Não tomem toda a cerveja. 
    • ES. No os toméis toda la cerveza.
Um verbo espanhol pode ser conjugado assim com um clítico (me compro, te compras, se compra, etc.), mas não há hipótese em português, simplesmente não é utilizado. Dessa maneira só se pode utilizar um verbo reflexivo (lavo-me, lavas-te, lava-se, etc.).

O segundo caso é o dativo ético, que sim existe em português e não se conjuga com o verbo:
    • PT. Choveu-nos todo o caminho.
    • ES. Nos llovió todo el camino.
    • PT. O motor do carro não te soa um bocadinho estranho?
    • ES. ¿El motor del coche no te suena algo raro?
    • PT. O pão não lhe fermenta muito bem.
    • ES. El pan no se le fermenta muy bien.
Observe-se, aliás, que no dativo intensivo é utilizada a forma reflexiva (se), enquanto no dativo ético é utilizada a forma não reflexiva (lhe(s)

FORMULAS DE AGRADECIMENTO

A fórmula de agradecimento mais comum é obrigado/a , porém existem outras mais formais:

    • PT. Grato/a pela explicação, também concorda com o género do utilizador
    • ES. Agradecido/a por la explicación.
    • PT. Bem hajas! (singular).
    • PT. Bem hajam! (plural).

obrigado/a

É a forma mais comum de agradecer em português, mas visto que se trata de um adjetivo, tem que concordar com o sexo da pessoa que o utilizar.

  • Obrigado pelo café (dito por um homem)
  • Obrigada pelo café (dito por uma mulher)
  • Obrigados pelo café (dito por apenas homens, ou por homes e mulheres)
  • Obrigadas pelo café (dito por mulheres)

SEGUNDA PESSOA DO PLURAL

Em PT a 2ª pessoa do plural é vocês, cuja equivalência em espanhol europeu é vosotros/as mas apenas ustedes no espanhol de América. 

Existe, aliás, uma forma de cortesia: os senhores e as senhoras.

É um pronome que recolhe formas de antigos pronomes, mas para a conjugação usa apenas a 3ª pessoa do plural:

    • PT. Vocês comem pão.
    • ES. Vosotros coméis pan | Ustedes comen pan

A forma precedida de preposição pode ser vós (convosco), mas também vocês:

    • PT. Não sei nada de vós | de vocês desde há muito tempo
    • ES. No sé nada de vosotros
    • ES. Ustedes desde hace mucho tiempo 
    • PT. Gostava de falar convosco | com vocês dessa questão
    • ES. Quería hablar con vosotros | ustedes de ese tema

O seu clítico em PT europeu é vos

    • PT. Já vos disse que hoje não quero sair de casa
    • ES. Ya os dije | les dije que hoy no quiero salir de casa

E o seu possessivo é vosso(s)/a(s)

    • PT. Vocês não venham cá com os vossos carros.
    • ES. Vosotros no vengáis con vuestros coches.
    • ES. Ustedes no vengan con sus autos.


apenas ~ mal ~ só

Estas três palavras portuguesas têm equivalência com duas espanholas.

1. - mal equivale por norma a apenas em espanhol.

  • Eles mal entendem o alemão.
  • Ellos apenas | casi no entienden alemán.
  • A nossa rua mal está asfaltada.
  • Nuestra calle apenas está asfaltada | casi no está asfaltada

2. - apenas nalguma altura equivale ao espanhol apenas, mas costuma equivaler a solo, solamente.

  • A Joana apenas sabe utilizar o computador do gabinete.
  • Juana solo sabe utilizar el ordenador de la oficina.

3.- equivale siempre a solo. De facto, e apenas são intercambiáveis:

  • Eu só|apenas tomo café de manhã.
  • Yo solo tomo café por la mañana.



amanhã ~ manhã

 Amanhã é o dia seguinte, enquanto manhã é a primeira parte do dia. Em ES usa-se apenas mañana.


    • PT. Amanhã tenho um exame. 
    • ES. Mañana tengo un examen.
    • PT. Esta manhã tenho um exame
    • ES. Esta mañana tengo un examen.
    • PT. Amanhã de manhã tenho um exame. 
    • ES. Mañana en/por la mañana tengo un examen.